"Horas benditas, leves como penas, Horas de fumo e cinza, horas serenas..."_Florbela Espanca. E este será um recanto para um encontro de amigo(a)s, para tomar chá ou café, receitas caseiras em doses de afectos ou outros sabores de boa disposição...ah: e sobre ditos, mitos & ritos...

23/01/2009

FEVEREIRO _ Os Festejos Do Dia 2 De Fevereiro: de INBOLC à LUPERCALIA _ pela CANDELÁRIA...



Como já houve ocasião de ser verificado em outras páginas, as datas de celebrações do calendário cristão não são "inocentes", no sentido de terem sido instituídas a partir da origem desta religião. Com efeito, a Igreja teve o cuidado de as situar "sobre" momentos de celebrações populares de antigas tradições _ vulgo: "pagãs".
Serão então apresentadas informações sobre os eventos (con)celebrados na data indicada, a partir de informações recolhidas por aí, não muito longe...



A Roda do Ano Celta * (ver outras páginas sob o título )








A concepção de tempo dos pagãos (O termo pagão significando povo dos bosques), principalmente a dos Celtas- era um tanto quanto diferente da actual. O tempo era para eles, não linear, mas circular, cíclico; há também o calendário, que era para eles lunar( contava o início de 1 "dia" pela noite _ território da lua), enquanto que o nosso é um calendário solar.

Originários da tradição celta, os sabbaths ocorriam ( e ainda ocorrem, segundo os adeptos do neo-paganismo, pelo que não será de estranhar o uso do presente verbal em algumas das descrições que irão aparecer no decurso do texto que aqui se reproduz, na sua quase totalidade ) oito vezes ao ano, ou seja, duas vezes a cada estação. Nessas ocasiões, são homenageadas duas divindades: a Grande Mãe, ou simplesmente a “Deusa”, que simboliza a própria terra, e o Deus Cornífero, O Gamo Rei, protector dos animais, dos rebanhos e da vida selvagem. (...)
"Quando os raios do sol diminuem de intensidade ao cair da tarde é o momento de nos prepararmos para mais um dia. O povo Celta, assim como outros povos de origem pagã, celebram o começo dos dias através do anoitecer.
Cada anoitecer nos faz lembrar que a Deusa, com sua magia e seus mistérios, reinará através da Lua, das emoções, e das intuições, mostrando-nos que enquanto os homens se acalmam e repousam depois de um dia intenso de trabalho, os sacerdotes e sacerdotisas começam o semear de um novo dia.
O Deus, que também descansa durante a escuridão, prepara-se para um novo nascer, para um novo amanhecer.
Esse acordar e dormir, descansar e trabalhar, morrer e nascer fazem do dia e da noite momentos muito preciosos e de intensa comunhão entre o masculino e feminino. É preciso que as duas polaridades estejam em perfeita sintonia para que a Natureza se possa manter equilibrada. Da mesma maneira, como a imagem reflectida é o complemento da imagem projectada, homens e mulheres precisam de estar juntos para que a comunhão perfeita entre o Deus e a Deusa possa reflectir-se em momentos de intensa união e perfeição.
Esses momentos de equilíbrio entre o dia e a noite, marcados pelo pôr do sol, a metade da noite, o nascer do sol e a metade do dia, tornam-se de extrema importância no pensamento mágico. Da mesma forma, os momentos entre cada um desses pontos também se tornam importantes. Em um suposto tempo linear: os quatro momentos principais seriam: 6h, meia noite, 6h e meio dia; e os secundários: 9h, 3h, 9h, e 3h.
Sabendo que o universo é perfeito e que tudo que há no macrocosmos tem seu correspondente no microcosmos, muitas vezes é preciso entender o micro para alcançarmos e sentirmos a importância do macro. Para muitas pessoas fica mais fácil compreender o universo através de pequenos momentos do dia-a-dia para se ter uma real noção da extensão dos grandes momentos.
Como podemos ver existem quatro momentos do dia (24h) que são pontos vitais, e há quatro pontos secundários que são pontos de equilíbrio. No processo de imagem reflectida para imagem projectada, temos no ano (365 dias) quatro momentos vitais: o primeiro dia do ano e o primeiro dia do quarto, sétimo e décimo meses – dias que caem na divisão exacta do ano em quatro partes iguais, em quatro elementos. Temos, também, quatro momentos secundários: a entrada de cada uma das quatro estações, delimitadas pelos solstícios e equinócios. Assim, nesta óptica, a roda do ano esta formada e em eterna harmonia com o universo.
Esta era a maneira de pensar e agir dos Celtas, que tinham o seu calendário baseado nesses oito momentos do ano, quando se reuniam em clareiras e templos para festejar ritualisticamente essas oito datas.
A primeira dessas festas, segundo a nossa habitual divisão do ano _ segundo o actual calendário gregoriano que predomina no mundo
ocidental _ será Inbolc, a 1 ou 2 de Fevereiro









Inbolc ou Candlemmas - Festa do Fogo ou Noite de Brigit (01 de Fevereiro - Hemisfério Norte) e (01 de Agosto - Hemisfério Sul)

Inbolc quer dizer: dentro do útero. O Inverno ainda não foi embora, mas por baixo da neve a vida floresce e ganha força. As coisas não acontecem diante de nossos olhos, mas já estão lá, latente, pulsando, esperando o momento certo para vir à superfície. A Deusa vagarosamente recupera-se do parto, e acorda sob a energia revigorante do Sol.
Esse é o também chamado Festival das Luzes, em que se acendem velas por toda a casa, mais especialmente nas janelas, para anunciar a vinda do Sol e mostrar ao menino Deus seu caminho.
Pedidos, agradecimentos ou poesias devem ser queimados na fogueira ou no caldeirão em oferenda, no fim do ritual. O deus está crescendo e tornando-se mais forte, para trazer a Luz de volta ao mundo. É o momento de pedir protecção para todos os jovens, em especial para a família e amigos, mentalizando que o deus conserva sempre viva dentro de nós a chama da saúde, da coragem, da ousadia e da juventude. O lugar da casa a isso destinado _ como se fora um altar, nem que seja apenas mentalmente _ deve ser enfeitado com flores amarelas, alaranjadas ou vermelhas. (... ) "
(inmistériosantigos)

(...)" Inbolc _ o crescimento da luz
(Inbolg, Oimelc, Candlemas, Treguenda Lupercalia)
HS: 01/02 de Agosto HN: 01/02 de Fevereiro


Este Sabbath originou-se na antiga Irlanda, nas comemorações da Deusa Brighid, Brigid ou Brigith, homenageada como a "Noiva do Sol". Apesar de ser o auge do Inverno, este festival era dedicado ao aumento da luz e ao despertar das sementes enterradas na terra congelada. Na Roda do Ano, Inbolc é o oposto de Lughnasadh e festeja a Deusa como Donzela.

Inbolc ocorre seis semanas após Yule, simbolizando a recuperação da Deusa após o parto da criança solar e a sua transformação em Donzela jovem e cheia de vigor. A Igreja Católica aproveitou o antigo significado pagão e transformou esta data na festa da Candelária, a Purificação de Maria. A própria Deusa Brighid foi cristianizada como Santa Brígida e o seu santuário foi transformado em um mosteiro de monjas.
Brigidh ou Bride (pronuncia-se Bríd), era uma Deusa Tríplice, regente da Inspiração (arte, criatividade, poesia e profecia), da cura (ervas, medicina, cura espiritual e fertilidade) e da Metalurgia (ferreiros, ourives e artesãos). Por ser uma Deusa do Fogo, era homenageada com fogueiras, rodas solares, coroas de velas e rituais que despertavam ou activavam o Fogo Criador. As lendas celtas descrevem-na como a Deusa em sua apresentação de Donzela tocando, com seu Bastão Mágico, a terra congelada pelo Cajado da Anciã, despertando-a para a vida e aumentando a luz do dia. "

"O Sabbath Inbolc, cujo nome significa "apressar-se", celebrava o aumento da luz e a derrota do Inverno. Na véspera, todos os fogos e luzes eram apagados para serem reacesos, ritualisticamente, com as brasas das fogueiras dedicadas a Brigith.
Neste dia, com a comemoração do Disting, os povos nórdicos "enterravam" a negatividade e as agruras do Inverno, acendendo fogueiras nas encruzilhadas e purificavam a terra, salpicando sal e cinzas sobre ela.


A versão romana deste Sabbath (que originou a Treguenda relativa na Bruxaria Italiana) era a Lupercália e os alegres festejos para as Deusas Frebua, Diana e Vênus (e geralmente tendo lugar a 14 ou 15 de Fevereiro e de certo modo mais associados ao actual carnaval; mas depois se tratará dessa data...)



Na maioria das Tradições da Wicca, nesta data, são feitas as Iniciações dos novos adeptos e as Confirmações das Sacerdotisas. Por ser Brigith uma Deusa da cura, padroeira das Fontes Sagradas, ela era invocada nos rituais de purificação e cura, sendo reverenciada nas Fontes a ela consagradas. Até hoje, em certos lugares da Grã-Bretanha e Irlanda, as pessoas amarram fitas ou pedaços de roupas nas árvores próximas às antigas Fontes Sagradas, actualmente dedicadas a Maria ou às santas católicas, orando para obter a cura dos seus males.
A atmosfera deste festival é marcada pelo despertar das sementes, dos novos planos e novos projectos, pela iniciação em um caminho espiritual ou em novas oportunidades, pela aceleração e renovação das energias, pela purificação e pelo renascimento material ou espiritual, pela busca de presságios e pela preparação para sua realização.

Inbolc é uma data propícia para despertar a criatividade e abrir-se para a inspiração por meio da poesia, canções, narrativas, desenho, cerâmica ou dança. (...)"
(Fonte: FAUR, Mirella. O Anuário da Grande Mãe: guia prático de rituais para celebrar a Deusa)




A Candelária, festa da Purificação da Virgem, ou Apresentação ao Templo









"A festa da Apresentação de Jesus no Templo _também conhecida como festa da Candelária ou Festa da Purificação da Virgem _ celebra um episódio da vida de Jesus. Na Igreja Católica Romana, a apresentação é uma festa celebrada em 2 de Fevereiro e é o quarto Mistério Gozoso do Santo Rosário. Na Igreja Ortodoxa Oriental, é uma das doze Grandes Festas, e é muitas vezes chamada Hypapante (lit., 'Encontro'). Em muitas igrejas de litúrgia ocidental a festa da "Apresentação" marca o fim da época da Epifania. Na Igreja da Inglaterra, a "Apresentação de Cristo no Templo" (Candelária) é a principal festa celebrada quer, em 2 de Fevereiro ou no domingo entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro.

Na Igreja Católica, com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, esta festa tem sido referida como a festa da "Apresentação do Senhor".
O seu nome formal é a "Festa da Purificação da Virgem" (no rito uniata ritos da Igreja Católica) ou a "Apresentação de Jesus no Templo (especialmente no rito latino da Igreja Católica).
Na Igreja Ortodoxa é conhecido como "Festa da Apresentação de Nosso Senhor e Salvador no Templo", e em Igrejas Anglicanas é conhecido por vários nomes.
O evento é descrito no Evangelho de Lucas 2:22-40:

Segundo o Evangelho, Maria e José levaram o Menino Jesus ao Templo em Jerusalém quarenta dias após seu nascimento, para dedicá-lo a Deus, em consonância com a lei judaica da época.
Após trazer Jesus ao templo, a família encontrou Simeão; o evangelho regista as palavras de Simeão que disse que lhe tinha sido prometido que veria o Menino antes de morrer (Lucas 2:26) Simeão rezou a oração que se tornaria conhecida como o Nunc Dimittis, ou Cântico de Simeão, e profetizou quanto a Jesus assim como que uma espada trespassaria o Coração de Maria. A profetisa Anna foi também ao templo, e ofereceu orações e louvores a Deus por Jesus.


A Tradicional Candelária

Tradicionalmente, Candelária era a última festa do ano litúrgico datada por referência ao Natal; antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II a Candelária marcava o fim do Natal e da Epifania. O actual calendário romano substituiu o sábado antes do Baptismo do Senhor pelo último dia da temporada litúrgica do Natal.
O termo "Candelária" refere-se a práticas encontradas em antigos missais romanos na qual um sacerdote em 2 de Fevereiro abençoava as velas de cera com um aspergilium para uso durante o ano. Esta prática é assim chamada no Missal Romano, para a cerimônia em que velas são abençoadas, algumas das quais são distribuídas aos fiéis para usarem em casa.

Na Polónia a festa é chamada "Matka Boska Gromniczna" ( "Matka Boska" = "a Mãe de Deus" + "Gromnica" = "beewax vela"). Também na antiga Escócia se costumava levar dinheiro aos professores para que pudessem comprar doces para os seus alunos." (inwikipedia)





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